O Acampamento Pátria Livre do MST, localizado no município de São Joaquim de Bicas, MG, há mais de um ano e meio, também foi atingido pelo rompimento da Barragem da Vale no Córrego do Feijão. O Rio Paraopeba contorna o terreno ocupado e sua água era utilizada na irrigação das áreas produtivas: quintais e hortas coletivas. Com o indicativo de reintegração de posse, as cerca de 600 famílias ocupadas vêem suas expectativas e projetos engolidos pela lama. De todo modo, seguem na luta por um regime de produção agrícola mais humano e saudável tanto para os trabalhadores quanto para os consumidores.

No dia 20/03/2019, na Tapera Taperá, aconteceu, em solidariedade ao povo brumadinhense, um encontro para debate e intervenção cultural. Reflexões Políticas, Música e Teatro, por conta da Companhia Estudo de Cena, tomaram o espaço em São Paulo à beira do segundo mês do crime da mineradora Vale, o maior do gênero em nossa história. Trazemos trechos da fala de Karina Martins, militante da Coordenação Nacional do MAM - Movimento Pela Soberania Popular na Mineração, que nos mostram as mazelas oriundas do modelo de mineração neocolonial vigente no país.

ReiBatuque é músico, percurssionista, cantor e arte-educador. Nascido e criado na comunidade de Marinhos em Brumadinho - MG, traz em seu trabalho ecos da tradição e luta do povo negro. Promove oficinas de difusão cultural por meio da Casa Quilombê e produz instrumentos com materiais orgânicos, valorizando o que vem da terra. Instagram: https://www.instagram.com/reibatuque/ Facebook: https://www.facebook.com/casaquilombe/

O bairro dos Pires, localizado na região periférica de Brumadinho, há anos sofre com o descaso e esquecimento do poder público. Como se não bastasse a dificuldade de acesso ao centro, que mina os direitos à locomoção e atendimento médico, após o rompimento criminoso da barragem da Vale no Córrego do Feijão, os moradores viram-se ainda mais prejudicados. Para além da morte do Paraopeba, a Vale, sob pretexto de retirar parte dos rejeitos do rio, pretende revirar o material tóxico e depositá-lo sobre o bairro, passando uma vez mais por cima da população, trazendo junto o mal cheiro e o caos que permeia estas obras. O alojamento dos resíduos tóxicos na comunidade traz consigo males ainda desconhecidos. OPA - Observatório Popular dos Atingidos no Quadrilátero Ferrífero

O rompimento da barragem da Samarco no Fundão em 5/12/2015, para além dos 19 óbitos imediatos, atingiu várias comunidades nos entornos de Mariana, MG. Entre os afetados, pescadores e garimpeiros tradicionais lutam contra o esquecimento e por reparações. A mineradora responsável, por meio da Fundação Renova, responde à situação com muitas promessas e pouca ação; daí surge a necessidade da organização e luta popular. É somente através de negociações coletivas que os atingidos poderão ter suas condições de vida minimamente restabelecidas.

Desde o rompimento criminoso da barragem no Córrego do Feijão, distrito do município de Brumadinho, no dia 25/01/2019, quatro comunidades quilombolas munícipes seguem ilhadas do centro urbano. O avanço dos rejeitos tóxicos da mineradora Vale impede-os de acessar os serviços básicos que garantem sua sobrevivência. Fora da zona quente, focalizada pela grande mídia, as comunidades quilombolas e rurais da região restam esquecidas. Cabe pressionar o poder público local e exigir da empresa responsável soluções em caráter emergencial. Diretamente afetadas, essas comunidades batalham pelo restabelecimento das condições mínimas de garantia de sua vida. OPA — Observatório Popular dos Atingidos no Quadrilátero Ferrífero